Mosquitos da dengue geneticamente modificados são liberados no Brasil
Mosquitos machos geneticamente modificados foram finalmente liberados no Brasil para suprimir a dengue. De acordo com resultados publicados na semana passada, esses mosquitos “estéreis” reduziram a população de mosquitos da dengue em aproximadamente 95% em um subúrbio de Juazeiro, na Bahia.
A dengue infecta cerca de 390 milhões de pessoas por ano, e é a segunda doença transmitida por mosquitos com mais casos registrados, atrás somente da malária. Ao contrário da malária, os casos de dengue têm aumentado em número e em gravidade. Para agravar a situação, ainda não existem medicamentos específicos ou vacinas para tratar a doença. Seu principal transmissor é o mosquito da espécie Aedes aegypti, e pesquisadores do mundo todo têm tentado desenvolver o que é chamado de gene autolimitado: ao se reproduzir, o mosquito do sexo masculino (modificado) e do sexo feminino (selvagem) transmitem o gene modificado para as larvas, levando-as à morte antes que atinjam a idade suficiente para transmitir doenças.
Em 2010, uma cepa autolimitada chamada OX513A foi liberada nas Ilhas Cayman e resultou na supressão de 80% da população da espécie alvo, enquanto testes isolados no Brasil estão alcançando resultados igualmente satisfatórios após seis meses.
A partir de 2011, uma equipe liderada pelo pesquisador Andrew McKemey realizou uma série de liberações da cepa OX513A em Itaberaba, subúrbio de Juazeiro. Como os serviços de água encanada são irregulares na região, os moradores dependem de água armazenada, o que vem a ser um habitat ideal para os mosquitos da dengue. Ao longo do estudo, os trabalhos locais para controlar a dengue seguiram de forma normal, com agentes tratando as casas com larvicidas e destruindo locais de reprodução. Pouco mais de um ano depois, a população adulta de mosquitos da dengue havia sido reduzida em 95%. A liberação de machos da cepa OX513A pode ser um método eficaz e amplamente útil no combate da dengue e de outras epidemias, afirmaram os pesquisadores.
“Em teoria, se você tem menos mosquitos, terá menos transmissões, mas, na realidade, isso é algo que ainda precisamos investigar. Você pode ter muitos mosquitos, com apenas alguns deles infectados, ou poucos mosquitos, com todos infectados.” afirmou a coautora do estudo, Margareth Capurro, da USP
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