Será mesmo que os cegos não enxergam absolutamente nada?

Ser completamente cego sem qualquer sombra de dúvidas realmente deve ser muito desafiador e difícil. Entretanto, uma série de publicações na imprensa americana e europeia citam a possibilidade de algumas pessoas cegas conseguirem enxergar em certos momentos. Para entender o que acontece com essas pessoas cegas, precisamos ter em mente, por exemplo, aquilo que ocorre em nosso cérebro ao observar uma ilusão de ótica – aquilo que vemos, na verdade, é uma criação de nosso cérebro, após a recepcão de certas informações pelos nosso olhos. Com isso, acabamos por pensar (e de fato enxergar!) que um objeto está se mexendo, quando, na verdade, ele está comprovadamente estático.

O portal ‘KnowledgeNuts’, citando artigos de portais como o ‘LiveScience’, ‘Vox’ e ‘Scientific American’, conta o caso de Daniel Kish, um homem cego que conseguiu aprender a “enxergar” o mundo de uma forma diferente: estalando a língua e prestando atenção na forma que o som é refletido pelo ambiente – assim, ele tem uma ideia daquilo que está a sua volta. Utilizando sua técnica, Daniel consegue, por exemplo, andar de bicicleta, realizar trilhas e outras atividades que normalmente seriam mais complicadas. De acordo com as publicações, o que o cérebro de Daniel está fazendo é literalmente criar uma imagem após receber informações (semelhante ao que acontece com os que enxergam, mas com informações provenientes de outros sentidos humanos). Obviamente a sua visão e percepção espacial é muito inferior a de uma pessoa que enxerga normalmente, mas essa realidade vai no sentido contrário da crença de que todos os cegos vivem na escuridão em suas mentes.

Além disso, um aluno de Harvard também percebeu que alguns roedores cegos eram capazes de perceber e reagir à presença de luz. Mesmo sem todos os fotorreceptores, a pupila de tais roedores dilatava, e seu ritmo circadiano também elevava. Pesquisas posteriores também mostraram que sujeitos cegos podem perceber, em uma taxa que não representa apenas sorte, quando uma luz azul está acesa. A exposição a tais luzes, assim como acontece em seres humanos que enxergam normalmente, afetaram a atenção dos indivíduos, bem como teve reflexos em seus ciclo de vigília e sono. Esse tipo de percepção “visual” acontece porque o olho possui células ganglionares intrinsecamente fotossensíveis que enviam sinais ao cérebro. Mas em vez de utilizar esses sinais para produzir imagens, o cérebro os utiliza para regular fatores como o sono. Por isso, ainda que o olho de uma pessoa não seja, de fato, capaz de enxergar, ele ainda pode regular algumas funções do corpo.

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segunda-feira, 11 de abril de 2016