Remédio milenar supera antibióticos tradicionais
Um time formado por microbiologistas anglo-saxões descobriu um tratamento contra superbactérias resistentes aos antibióticos modernos em um lugar totalmente improvável: um manuscrito encadernado em couro de mil anos de idade, chamado de Bald’s Leechbook. Este manuscrito antigo atualmente descansa na Biblioteca Britânica, e é um dos primeiros livros de medicina que já foram encontrados.
A receita milenar para o tratamento de infecções oculares exige dois tipos de ‘Allium’ (alho e cebola ou alho-poró), vinho e Oxgall (que é a bile do estômago de uma vaca). As instruções foram traduzidas por Christina Lee, da Universidade de Nottingham, e são extremamente específicas. É necessária a utilização de um recipiente de latão para fabricação de cerveja, uma técnica de purificação, e a mistura deve ser deixada ‘de molho’ durante nove dias antes de ser utilizada.
“Nós pensamos que esse ‘colírio’ pode mostrar uma pequena quantidade de ação antibiótica, porque cada um dos ingredientes, hoje em dia, apresenta algum efeito sobre as bactérias no laboratório”, disse Freya Harrison, também da Universidade de Nottingham. Sais biliares e de cobre podem matar bactérias, e plantas da família do alho podem fazer produtos químicos que interferem com a capacidade do microrganismo para danificar o tecido infectado. “Nós ficamos deslumbrados com o quão eficaz a combinação de ingredientes foi”, acrescentou Harrison.
Para recriar a solução, a equipe combinou partes iguais de alho e cebola (ou alho-poró finamente picado e triturado num almofariz por dois minutos com 25 mililitros de vinho inglês de um vinhedo histórico perto de Glastonbury, descreve a BBC. Em seguida, eles adicionaram sais bovinos dissolvidos em água destilada, e toda a mistura foi gelada durante nove dias a 4ºC. Eles fizeram quatro lotes separados e uma solução de controle que não tinha os compostos vegetais.
Eles testaram a “poção” em Staphylococcus aureus (MRSA), resistentes à meticilina, em culturas presentes tanto em feridas sintéticas (feitas por bactérias crescendo em colágeno) quanto nas feridas de camundongos infectados. O MRSA é um dos micróbios mais notoriamente resistentes a antibióticos. Estas células criam um revestimento pegajoso chamado de biofilme, que torna difícil a chegada e ação dos antibióticos.
O “colírio” testado matou até 90% dos MRSA, relatam os pesquisadores, embora nenhum dos ingredientes individuais por si só pareçam ter surtido efeito. Estes resultados foram apoiados por testes em ratos conduzidos por uma equipe dos EUA liderada por Kendra Rumbaugh, do Texas Tech, que diz: “Este ‘remédio antigo’ funcionou bem, se não melhor do que os antibióticos convencionais que usamos”.
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